Corsarius Grati estrada do iluminismo, corsarius grati, corsarius grati, corsarius, grati, blog, rio de janeiro, brasil, brazil, história, idiomas, música alternativa, cultura celta, pensamentos, civilizações, história antiga, história medieval A Estrada do Iluminismo, por Corsarius Grati

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Lugares exóticos do mundo - Parte II: Jersey

Ok!!! Está animado(a)???

Vamos viajar hoje para mais um lugar exótico do mundo: Jersey!


Não.. não é Nova Jersey (New Jersey) dos Estados Unidos... vamos dar um pulinho um pouco mais longe, lá para o Velho Mundo, visitar uma ilha incrível de apenas 116 km², localizada no Canal da Mancha, entre a Inglaterra e a França (só que é mais próximo da França).


Jersey não é necessariamente um país, sendo apenas um território dependente da monarquia britânica! Agora você pode gritar "Salve a Rainha!", afinal o Reino Unido reinvindicaram e detém hoje um bocado de ilhas ao redor do mundo, onde a grande maioira é como Jersey: um território além-mar!


O território de Jersey é administrado por um governador (e não diretamente pela rainha), e isso torna a região independente do Reino Unido em certos aspectos administrativos como é o caso da saúde à população.


Esse governador também é chamado lá pelo pessoal de "bailiff", que em português seria algo como "bailio". Bailio é uma palavra que vem do francês (bailli, oficial de justiça), e é como nos referimos os homens condecorados de antigas ordens militares.

Logo entendemos porque o território é chamado de "Bailiado de Jersey" (do inglês, Bailiwick of Jersey): um bailiado é uma área administrada por um bailio (governador).

No passado, Jersey foi palco de vários eventos históricos por milhares de anos, começando pela era do Bronze e no início da idade do Ferro onde já existiam pequenos povoados. Em Jersey, num lugar chamado Le Pinacle, você estruturas atribuídas a um antigo templo romano: uma das várias evidências da passagem dos romanos pela região!

Mais adiante no tempo, parece que uma antiga região norte da França, chamada de Britânia, tomou o controle da ilha, chamando-a de Angia (ou Agna). Já no século IX vieram os Vikings e daí, teoricamente, nasceu o nome do lugar que conhecemos até hoje.

Em Norueguês o sufixo "ey" significa "ilha", e você encontra essa palavra em vários lugares ao logo do litoral do norte europeu. Entretanto, a primeira parte do nome da ilha ainda não está claro. Algumas teorias dizem que deriva da palavra:

- "Jarth" (do nórdico antigo: "terra"),
- "Jarl" (do anglo saxão "chefe", que atuava em nome do rei)
- "Geirr" (o nome de uma pessoa)

Também existem teorias da palavra Jersey ter vinda dos celtas:

- "Gar" (do gaulês: "carvalho"), "ceton" (floresta)

Também dizem que o nome Jersey é fruto de um erro de escrita da palavra latina Caesarea (Cesaréia, o nome romano da ilha) que foi modificada com a pronúncia do sufixo "ey" do inglês antigo.

Jersey foi anexada ao Ducado da Normandia (região do Norte da França, vizinha à ilha) no ano de 933 por William Longsword e depois de algumas disputas, no século XIII o rei inglês John I perdeu os territórios da Normandia mas conseguiu manter a posse de Jersey e as demais ilhas do canal da Mancha.

Agora vamos à parte boa: algumas fotos da Ilha de Jersey!

Fotos de Jersey

St Aubins Harbour no 5

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Lamplighters

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PommeDOr

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Sabots Dor Guest House 2

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Sabots Dor Guest House

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domingo, 14 de outubro de 2007

A educação faz toda a diferença

Trocando ideáis com a Fafá sobre a banda Dead Can Dance, me veio como num lampejo um pensamento sobre a educação. Concordo com você que pode parecer absurdo tal associação, mas quem sabe você não me dá a razão.

Não podemos negar que para o crescimento de uma nação, o papel da educação é fundamental. Ela regula nossos atos para o bem geral da sociedade. E através da educação é possível ainda a transformação do mundo, pois aqui existem centenas de milhares de pessoas que "fazem a diferença" todos os dias : por que não chamá-los de Heróis mundiais?

Refleti que o papel do Dead Can Dance na sociedade atual é tão importante quanto qualquer outro grupo ou indivíduo, cujo trabalho vai de encontro ao bem estar de todos. Imaginei também o quanto devemos estar agradecidos aos pais de Brendan Perry e Lisa Gerrard, que certamente fizeram um excelente trabalho na criação dos próprios filhos. Quem não se lembra do imortal Ayrton Senna: um dos maiores exemplos do Brasil de garra e dedicação, conhecido e celebrado mundialmente. Pois é, agradeça aos pais dele, pois fizeram um trabalho maravilhoso! E o Renato Russo? Robert De Niro? Albert Einstein? Só um trabalho excepcional dos pais pode tornar os filhos em verdadeiros milagres vivos.

No caso do Dead Can Dance, vemos aqui que a educação opera de maneira que aquelas crianças se tornaram em adultos notáveis, músicos aclamados, trazendo para nós reflexão, paz de espírito, elevação da alma, e reflexão. Tudo isso vindo da música que criam com tanta dedicação e paixão.

Aliás, quando se ama o que se faz, o resultado do trabalho assombra a todos nós. Um exemplo disso é no próprio vídeo que contém entrevistas durante o show do DVD do Dead Can Dance entitulado Toward the Within. O DVD é mágico, e como a Lisa diz nas entrevistas, quando se está no palco e começa a melodia, ocorre uma viagem que transcende a alma e atravessa as eras, como se fosse possível voltar ao passado das grandes civilizações. Certamente as pessoas que ouvem o Dead Can Dance puderam despertar grande sensilbidade para a música, assim como um sommelier pode perceber a diferença entre os mais variados tipos de vinho.

Nós fomos sem dúvida abençados por existirem pessoas notáveis como Brendan e Lisa. Foi de fato uma das melhores descobertas da minha vida. Isso nos faz pensar que as crianças de hoje sim podem fazer a diferença na vida de outras pessoas. Logo o papel da educação é fundamental, e nós, caso sejamos pais, devemos nos dedicar ao máximo possível para fazer dos nosso filhos pessoas que sejam verdadeiros Heróis, e quem sabe, mundiais.

domingo, 23 de setembro de 2007

Tudo sobre a doce melodia do Dulcimer!

O que é um Dulcimer?!

O dulcimer é um instrumento musical de percurssão que possui cordas, tremendamente antigo em nossa história!

Aqui vamos tratar mais propriamente do dulcimer martelado (em inglês Hammered dulcimer).

Eu diria que a origem do nome dulcimer é até moderna em comparação com o tempo de existência do instrumento, já que dizem que o dulcimer é originário da antiga Pérsia ha mais de 2000 mil anos atrás, e a primeira referência feita a um instrumento desse tipo está gravada numa rocha persa que data de aproximadamente 700 AC. Encontramos também uma referência ao dulcimer na capa de um livro bizantino do século XII! Os anos passam e nenhuma gravura é encontrada até o ano de 1400 quando o instrumento foi introduzido no oeste europeu (Portugal, Espanha, Inglaterra, França, ...). Logo em seguida começamos a encontrar o instrumento na Alemanha, Hungria, Itália, Polônia, Bohemia, Flanders, no norte da França e Inglaterra.

Certamente, seja na antiga Pérsia ou em regiões remotas do mundo como a própria China, o dulcimer devia ter outros nomes. Um exemplo disso é o Rei James I da Inglaterra na sua colaboração para tradução da bíblia do hebraico para o inglês, traduz o termo hebraico "Nebel" para "Dulcimer". O Nebel é um instrumento musical similar ao dulcimer mas não igual, já que na época de cristo os hebreus não tinham algo parecido como o dulcimer utilizado na era Medieval. Já, a palavra dulcimer tem origem no grego "dulce melos", algo como "doce melodia" ou "doce som".

Por dedução, nós acabamos descobrindo que o rei James I não poderia ter traduzido Nebel para Dulcimer sem que o instrumento e a palavra dulcimer já existisse. Trocando em miúdos, o tal instrumento já existia em sua época, e podemos então especular que esse instrumento tinha esse nome na Europa bem antes de nascer esse tal rei!

Tudo bem que o rei achou uma palavra européia equivalente para o Nebel. Européia porque o dulcimer tem origem grega com vimos, e dali partiu para várias nações européias com nomes similares: dowcemere, dulcimor, dulcimur, doucemelle, doulcemelle, dolcimela, e dolcema. Certamente deve haver variantes modernas como em italiano acho que seria "Dolcemelo", em espanhol talvez "Dulcemelo" ;-)

O dulcimer é uma tábua (chame também de "placa de madeira" ou mesa) onde as cordas são amaradas las laterais, ou seja, na horizontal, uma embaixo da outra, indo de seis a nove cordas (no século XV). A tábua basicamente era dividida em duas áreas (esquerda e direita), para que o músico pudesse tocar em cordas diferentes em cada um dos lados. Depois, a tábua nas versões seguintes do dulcimer ganhou múltiplas divisões no século XVI - em vez de duas áreas para tocar, algo entre oito e doze! Para tocar o dulcimer é preciso bater nestas cordas com pequenos martelos de mão, que lembram baquetas de bateria. Esses martelos eram segurados com dedo indicador e o dedo médio. Ainda no século XVI o dulcimer ganhou desenhos decorativos e um espaço para servir como alça, para facilitar a portabilidade.

Muita gente concorda que na Europa, durante o final de 1600 o dulcimer martelado foi o que inspirou inventores a criar todos os instrumentos de teclas conhecidos, como por exemplo o "Piano forte".

Clique aqui para ouvir e ver o dulcimer no Youtube, na música Rakim, do Dead Can Dance!

domingo, 16 de setembro de 2007

Lugares exóticos do mundo - Parte I: Mônaco

Minha paixão por lugares exóticos, distantes e avessos aos centros urbanos brasileiros me remete a algumas visitas proporcionadas por ótimas ferramentas educacionais e de entretenimento como o Google Earth. O mundo é tão grande que não dá para saber exatamente por onde começar. Então, por que não começarmos pelo Mundo Antigo - a Europa!

Após bater muita cabeça com alguns probleminhas, consegui dedicar o tempo no final do dia para mostrar a você para onde estamos indo: Mônaco.


Mônaco é um país, onde o sistema não é um presidencialismo, mas sim uma monarquia.

Os primeiros habitantes da região de Mônaco se chamavam Ligurianos, provavelmente guerreiros imigrantes que falavam um idioma indo-europeu. Eram descritos pelos historiador Diodorus Siculus e o geógrafo Strabon como habitantes de montanha, acostumados ao trabalho pesado e prudentes.

Esta região que habitavam os ligurianos ficava ao sul da França, próxima à colônia de Marseille (Marselha), onde moravam colonizadores gregos da terra de Focéia (gregos jônios vindos da Ásia Menor, hoje Turquia) no século VI antes de Cristo.

É certo que a origem da palavra Mônaco está ligado "Monoikos". A palavra Monoikos (do grego Μόνοικος) queria dizer μόνος (uma)+ οίκος (casa) pois viviam ali isolados dos demais, sozinhos. O termo oikos também pode quem sabe se referir a templo, e assim tocamos no assunto da mitologia antiga, onde é dito que Hércules passou por Mônaco, e um templo foi construído pelos gregos Foceanos. Esse templo se chama Heracles Monoikos. Esse templo foi erguido como homenagem a Heracles porque as pessoas no passado consideravam que Heracles (Hércules para os Romanos) era o criador de uma longa estrada e das fortificações que vão da Itália até a Espanha.

Logo, o termo Heracles Monoikos pode querer dizer "Heracles sozinho", "Só Heracles", "Heracles que tem um só templo". Certamente a palavra Monoikos parece ter origem na língua dos Ligurianos, e esta palavra não parece se referir a uma tribo e nem ser nome de uma tribo chamada "monoikos".


Depois que o império Romano caiu no século V, a região inteira de Mônaco foi devastada por bárbaros - esse foi um período de invasões uma atrás da outra, que durou até o final do século X terminando com a expulsão dos invasores Sarracenos em 975, aos poucos a região de Mônaco foi sendo reocupada. Provavelmente gerações descendentes dos Ligurianos voltaram a morar no local.

Negociações em 1297 tornaram possível a independência da região, e hoje é governada através de um sistema monárquico, onde o príncipe para efeitos de decoração até agora é o Albert II, e o ministro de estado Jean Paul Proust.

Mônaco está integrada à comunidade Européia e por isso adota o Euro como moeda corrente. No Brasil, os sites de internet terminam com a palavra ".br" mas, você vai saber se está em algum site de Mônaco se o endereço terminar com a palavra ".mc".

Andando pela capital, Monte-Carlo ou pelas demais áreas, você deve saber que vai encontrar pessoas que conhecem a língua oficial de Mônaco que é o Monegasco, um dialeto que tem origem no idioma Liguriano moderno. Mas você também vai poder conversar em francês, italiano e inglês.

Fotos de Mônaco
















+ Mais fotos

domingo, 9 de setembro de 2007

O Feitiço do Tempo

Que tal uma dica de filme muito legal, pra você que gosta muito de comédia?

O Feitiço do Tempo é um dos poucos filmes de comédia divertidos e que conseguem entreter a gente!

A história básica do filme envolve um repórter do Tempo, Phil Conners (interpretado por Bill Murray) : desagradável, sarcástico, e irritante com todos quando tem que fazer uma matéria desinteressante.

Após ter feito, a contra-gosto, a cobertura sobre a cerimônia de comemoração anual do Dia da Marmota (dia dois de fevereiro) na cidade "desconhecida" de Punxsutawney, Conners vai dormir e acorda na manhã seguinte, exatamente no mesmo dia. Amaldiçoado, ele acaba ficando preso nesse dia repetidamente, até que mude suas atitudes más e deixe de ser egoísta passando a se dedicar aos outros.

Este roteiro inteligente e divertido foi escrito por Danny Rubin, e dirigido pelo talentoso Harold Ramis, tanto diante como detrás das câmeras.

Bill Murray dá sua melhor performance em anos, começando com um personagem arrogante e idiota, se transformando num cara legal e carismático de forma convincente. Ele mostra com qualidade a transformação desse personagem, conforme vai passando pelos incidentes transformadores da vida.

Andie MacDowell é Rita, produtora da TV de Murray, e o alvo do seu amor. Rita é bonita, charmosa, e resistente. É divertido prestar atenção a suas várias respostas, dia após o dia, aos apelos românticos numerosos de Murray, e como seus sentimentos mudam por ele.

O mais supreendente do filme "Feitiço do Tempo" é que nunca fica chato, apesar do fato das cenas serem praticamente nos mesmos lugares e os eventos serem similares É um testemunho para a inteligência do roteiro de Danny Ruben, e do hábil diretor Ramis e seu incrível elenco, que fizeram um material aparentemente entediante se tornar em algo novo, divertido, e provocador.

Então fica aí uma boa dica de filme, difícil de encontrar, eu sei.... mas volta e meia ele passa nos canais de TV por assinatura como TNT, A&E Mundo, e aqueles outros canais bizarros que vem incluídos no seu pacote. Você pode ainda procurar naquelas mega locadoras perto do seu trabalho ou ainda, comprar o filme em algum site de vendas online. É um bom filme para você ver, bem acompanhado(a) e se divertir. O filme é um tributo à inteligência do roteirista Danny Ruben, ao hábil diretor Ramis e seu incrível elenco, que fizeram um material aparentemente entediante se tornar em algo novo, divertido, e provocador.

Quer ver mais fotos do filme?

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

O Google até agora não traduz a palavra "Spite"

Algum tradutor online já deixou você na mão?! Para descobrir a tradução razoável de uma palavra inglesa às vezes o Google simplesmente nos deixa na mão. E não era nem uma frase que eu estava tentando traduzir, mas sim uma palavra. Um exemplo disso é a palavra "spite".

Abrindo um parênteses, existem tradutores na internet, e às vezes eles só traduzem uma palavra. E os que traduzem frases, às vezes fazem traduções literais (ao pé-da-letra) o que dá um sentido totalmente estranho, principalmente se for de uma língua bálticas ou anglo-saxônicas para uma língua latina como: alemão-português, inglês-português.

Google Translate

http://www.google.com.br/language_tools


Logo, a tradução em português da palavra spite para o google translator é "spite".

Que maravilha, para não dizer o contrário! ;)

Bem, essa palavra é uma das várias que ele simplesmente não entende (leia-se: não tem cadastrada no seu banco de dados). Mas para começar, vamos falar aqui do que seria spite.

No meu amigo Cambridge Dictionary, é dito:

spite (HURT)

noun [U]

a feeling of anger towards someone that makes a person want to annoy, upset or hurt them, especially in a small way:

He's the sort of man who would let down the tyres on your car just out of/from spite.

spite
verb [T]

to intentionally annoy, upset or hurt someone:

I almost think he died without making a will just to spite his family.


Como você vê, é incomodar, irritar ou machucar alguém, ter a intenção de fazer o mal... rssss... Cavuquei e cavuquei e cavuquei, e acabei encontrando outros dicionários que se mostraram úteis, indicando que a palavra Spite pode ser traduzida como Maldade ou Malevolência! Eis alguns tradutores inglês-português que ajudam:

Tio Sam

http://www.tiosam.com/dicionarioENPT.asp (se der erro, entre no www.tiosam.com)

Translate EU

http://translate.eu/pt/translators/English-Portuguese

Babelfish

http://br.babelfish.yahoo.com/

Worldlingo

http://www.worldlingo.com/en/products_services/worldlingo_translator.html


Com essa palavra o Google translate se mostrou inútil, mas tem um jeito de você sugerir traduções de certas palavras para a equipe do Google, através do site http://www.google.com/support/contact/?translate=1

Existe um outro site novo que se trata de um projeto que descobri faz pouco tempo, chamado Wikiwords, um portal para tradutores, mas que depende muito de colaboração das pessoas já que é um espaço aberto, onde cada pessoa que visita contribui incluindo palavras, seus significados e traduções. Parecido com o Cambridge (este funciona só para consulta), no Wikiwords você pode ver ou incluir até duas frases de exemplo, utilizando a palavra desejada.

Lá no Wikiwords, você pode se cadastrar ou não (não é obrigatório). E ali escolher um par de idiomas, por exemplo português-alemão, português-francês medieval, português-galego, português-romeno, etc.

A idéia do site é você consultar uma palavra e saber como escrevê-la em outras línguas, desde que as pessoas cadastrem voluntariamente as palavras. Daqui a uns anos acredito que existirão mais palavras disponíveis para consulta, logo poderíamos usar um tradutor utilizado por tradutores de todo o mundo. Mas, enquanto não pinta nenhum projeto concorrente, amigável, e fácil de publicar palavras, vamos ficando nos tradutores já conhecidos!

O rock'n'roll do Placebo

Grupo com base em Londres, Placebo é uma das bandas mais cultuadas por quem acompanha o rock’n’roll atual. Eles resolveram fazer um show por esses pagos. Então decidi prestar-lhes um tributo, na forma de pequena análise poética da sua trajetória até hoje, acompanhada de dados interessantes a quem quer saber mais sobre o assunto.

O Placebo surgiu do encontro de dois jovens desempregados. Era o ano de 94. Brian Molko, filho de um banqueiro falido, começava uma formação em artes cênicas depois de emigrar de Luxemburgo, um mini-principado que não oferece muitas expectativas. Brian conheceu Stefan Olsdal, baixista de origem sueca, com quem passaria noites ouvindo The Cure, The Smiths, David Bowie, Depeche Mode, Smashing Pumpkins. As maiores influências da banda já se anunciam aí: o rock que a Inglaterra produziu a partir da onda punk, gerando a chamada geração pós-punk, que mixou inconformismo com glitter e sintetizadores.

No ano seguinte, Brian e Stefan se juntaram ao baterista Robert Schulzberg para gravar o primeiro álbum: “Placebo”. Barulhento, sustentado por batidas violentas e arranjos simples, o disco homônimo beira a tosqueira. O valor dele está na fundação de imagens poéticas fortes, lançando temas que serão explorados nos trabalhos seguintes. É o caso da figura do Nancy boy, alegoria da androginia dos tempos contemporâneos, em que os papéis sexuais não se definem como antigamente, possibilitando a criação de terceiros e quartos sexos. O Nancy boy não tem qualquer compromisso com o passado, o que, porém, não lhe garante muita felicidade: a liberdade, que parece ter sido afinal conquistada, recaptura-o. The face that fills the hole / stole my broken soul.

A obra do Placebo procura, então, desenhar no espaço oco erguido pelas grandes cidades. Letra e música procuram delinear esse espaço ambíguo, ocupado por vazios cada vez mais opressores. O personagem dessa cena veste-se do conflito, passando a habitar o inabitável, ao desposar a crise: she stole the keys to my house / and then she locked herself out.

O barulho inicial da banda tem, por isso, um tom pessimista, quase gótico, que lembra uma geração mal-do-século oitocentista atualizada à sociedade da velocidade. Se o primeiro álbum traz o clima veloz de uma noite tumultuada, com cenas de sexo explícito e hedonismo junkie, o segundo é definido pela própria banda como o amanhecer dessa mesma noite. O sol começa a aparecer, mas está coberto o bastante por prédios e fumaça para dar a esse novo dia uma claridade cinza. Day’s dawning, skins crawling.

Aqui as canções, em sua maioria baladas modernas, têm o tom vertiginoso de quem constata que nada restou dos prazeres inomináveis de ontem à noite. “Without you I’m nothing”, o segundo álbum, marca uma mudança do som da banda, no sentido de uma produção mais elaborada. Também a entrada do baterista Steve Hewitt favorece a criação dessa outra atmosfera. O tom não é mais o do escândalo ruidoso, mas o de uma languidez semicadavérica que pede auxílio desesperadamente. O resultado é um álbum introspectivo de um romantismo cortante, doloroso e belo. É a poética do rastejante, que confirma a vocação da banda em estetizar a tragédia cotidiana.

O reconhecimento conseguido com esse segundo trabalho traz problemas. A agenda lotada parece esgotá-los; Molko quase morre de uma infecção das amídalas. Mesmo assim, eles decidem produzir o próximo álbum, “Black Market Music”, sem tirar férias. Novos temas aparecem, destacando-se um engajamento em questões políticas. E, novamente, os paradoxos de uma liberdade levada ao extremo. Amar e pintar a pessoa amada de idealização, digam ao angustiado Molko se é possível escapar a esse trágico destino. Pois em Placebo o abuso de drogas vira metáfora de uma maneira de amar. A vida se torna uma gangorra radical movida pelas forças das presenças e das ausências. Molko é o poeta jovem da grande cidade, pintando a morte com lápis preto, borrando os olhos para além da vista.

A frustração com um mercado viciado leva o grupo a uma pausa de sete meses. O álbum “Sleeping with ghosts” será gravado à distância, um instrumento de cada vez. Depois de viver a noite, sobreviver ao amanhecer cinzento e morrer uma nova queda, agora é hora de contar a história de novo. Há faixas inovadoras como “Protect me”, que ganhou uma versão francesa: “É uma valsa”, diz ironicamente Brian Molko. O single “Bitter end” traz uma levada punk e uma tragicidade intensa e até alegre, apesar de a temática ainda ser a do rompimento, da descontinuidade, da conciliação impossível. A desoladora e inquietante “Something rotten” mostra influências dos últimos experimentalismos de bandas como Radiohead. O conflito ganha novas melodias.

Molko e o Placebo se firmam como os cantadores da tragédia contemporânea, influenciando novas bandas, como Interpol, The Libertines e Franz Ferdinand.

Para você que gosta de rock e baladas, e quer conhecer o Placebo, recomendo as seguintes músicas para começar:

  • Every You, Every Me
  • Special Needs
  • Slave to the Wage
  • Teenage Angst
  • Pure Morning
  • Passive Agressive
  • Taste in Men
  • Days Before You Came
  • Commercial For Levi
  • Blind
  • Special K
  • Drag
  • Black-Eyed
  • English Summer Rain
  • 36 Degrees
  • This Picture
  • Nancy Boy
  • You Don't Care About Us
  • Song to Say Goodbye
  • One of a Kind
  • Blue American
  • Narcoleptic
  • The Bitter End
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